Tempos de Apostasia

Por Dr. James Toner

Texto base: II Timóteo 3:1-5

“Sabe, porém, isto: Nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis; pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, antes amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes”- II Timóteo 3:1-5.

Introdução

Apostasia é muito mais do que a deserção de uma corporação da qual se pertencia. É o abandono da fé cristã depois de haver crido. É a profanação das coisas sagradas. É a irreverência contra a pessoa do trino Deus, que é digno de todo o respeito, todo o louvor, toda a adoração, toda honra e toda glória.

Em constantes viagens por várias cidades em diversos estados brasileiros, tenho visto como tem crescido as denominações evangélicas. Cada dia surge ali ou acolá uma nova placa de igreja, uma nova denominação, uma nova instituição religiosa, com os nomes mais exóticos. São igrejas independentes, e a maioria delas age com frieza e indiferença entre as demais. Além do mais, os frutos dessas igrejas são apenas numéricos e materiais. Geralmente, a maioria dos membros dessas novas igrejas são dissidentes de outros grupos, e de outras denominações. Nada mais, nada menos, são apóstatas de corporações religiosas.

Ministério Pastoral Moderno

“E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres”- Efésios 4:11.

O que tem de apóstolos, bispos e pastores “auto-ungidos” e “auto-consagrados” na maioria das denominações evangélicas, é de causar admiração! Sem dúvida, dentro de pouco tempo surgirão os arcebispos, os cardeais, e outros graus superiores nesta incansável corrida por posições eclesiásticas mais elevadas.

Esses obreiros “auto-ungidos” não têm o direito de se intitularem ministros de Cristo, e muito menos ainda de bispos e apóstolos, ou enviados especiais de Deus; porquanto, muitos deles exercem influências deletérias nas igrejas, corrompendo os fiéis, desviando-os da singeleza do Evangelho, atraindo-os para o cerimonialismo e legalismo intolerante. Muitos desses pastores “auto-ungidos” são impostores, porque não possuem nenhuma qualificação para serem ministros. São semelhantes aos que existiam no tempo de Paulo: “Porque os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo”- II Coríntios 11:13.

Conta-se a história de um bode empregado por uma companhia alimentícia de Nova Iorque, conhecido pelo nome de “Bode Judas.” Seu trabalho era o de escoltar as ovelhas que os barcos deixavam à beira do rio até ao matadouro. Esse bode trabalhava durante o dia enquanto houvesse ovelhas para serem conduzidas ao lugar da matança. Fazia nada menos do que dez viagens por dia. Calcula-se que durante a sua carreira conduziu quatro milhões e meio de ovelhas à morte. Era um bode branco, imponente, de boa aparência, que realizava com habilidade a sua macabra tarefa.

Os falsos bispos e pastores, por semelhante modo, são homens de boa aparência, atraentes, inteligentes, eloqüentes, encantadores, que poderão enganar com muita facilidade as ovelhas desprevenidas. A Escritura nos adverte a tomarmos cuidado com certos obreiros, porque muitos deles são fraudulentos, enganadores, falsos e traiçoeiros, que usam do Evangelho em busca de interesses pessoais e não a salvação dos pecadores.

A maioria dos ministros modernos assume o pastorado por interesse próprio, por dinheiro, visando fama e promoção pessoal. A sugestiva descrição metafórica de Judas 12-13 a respeito dos falsos obreiros, merece destaque: “Rochas submersas” – indica o perigo disfarçado que eles representam para a sociedade, assim como os recifes traiçoeiros cobertos pelas águas oferecem perigo para os navegantes. “Nuvens sem água” – denota vida de aparência, de hipocrisia, sem conteúdo, desprovida da palavra de Deus. “Árvores em plena estação de frutos, destes desprovidas” – demonstra mensagem enganosa, vazia e infrutífera. “Ondas bravias que espumam sujidades” – revela muita movimentação religiosa, muita correria, muito barulho, mas sem pureza, sem paz e sem frutos. “Estrelas errantes” – significa fora de órbita, afastado do caminho, longe da verdade, lâmpadas apagadas.

Mercadejando a Palavra de Deus

“Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade, e da parte do próprio Deus”- II Coríntios 2:17.

Esses mercadejadores da Palavra de Deus são comparados por Paulo com os negociantes desonestos, os quais mediante truques e técnicas de venda tomam o dinheiro dos fregueses. São laboratórios que fazem pílulas de farinha de trigo; são fazendeiros que misturam água no leite; são comerciantes que possuem balanças falsas; são vendedores de rua que vendem frutas numa lata de 900ml amassada, como se fosse de um litro. A Escritura diz: “Não cometereis injustiça no juízo, nem na vara, nem no peso, nem na medida. Balanças justas, pesos justos, efa justo, e justo him tereis: Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito”- Levítico 19:35-36. E Salomão concluiu: “Balança enganosa é abominação para o Senhor; mas o peso justo é o seu prazer”- Provérbios 11:1.

Paulo não costumava expor os melhores morangos na camada de cima a fim de esconder os piores nas camadas inferiores. Não exagerava o valor de sua mensagem, e nem degradava qualquer de suas verdades. Por semelhante modo, não usava o ministério como pretexto para ganhar dinheiro, nem para buscar prestígio, reputação e fama pessoal. Mas, unicamente para divulgar toda a verdade: “Porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus”- Atos20:27.

A globalização do comércio pervertido e corrupto do mundo, influenciou as instituições religiosas com suas negociatas e seus novos métodos de fazer “crescer” a Igreja.

Muitos pastores vão a outros países, afim de buscarem novidades religiosas para serem aplicadas nas suas igrejas, na esperança de obter melhor crescimento espiritual. Depois dizem: “O evangelho está crescendo.” Mas, é um crescimento ilusório. O progresso evangélico que estamos vendo por aí, é material, comercial e numérico. Esse tipo de progresso nas igrejas não produz frutos para Deus. Além do mais, impede as pessoas de verem a multiforme graça de Deus agindo no mundo. Parafraseando Mateus 23:13, poderíamos dizer: “Ai de vós, pastores e bispos hipócritas! Fechais o reino dos céus aos homens; vós não entrais, nem deixais que os outros entrem.”

O que John F. MacArthur afirmou a respeito da pregação moderna é pura verdade: “O que os pregadores estão oferecendo aos seus ouvintes é felicidade, gozo, senso de realização e de tudo o que é positivo. Esse tipo de pregação encontra grande aceitação, pois as pessoas estão atrás de soluções rápidas para os seus problemas.”

É de causar espanto a teodicéia que se vê nas pregações modernas. Os disparates, os absurdos, os desvarios, os desatinos, as tolices, são aterrorizantes. O Senhor Jesus deixou bem claro: “Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus”- Mateus 22:29.

O divisionismo, o egoísmo, o egocentrismo, o personalismo, o oportunismo, o exibicionismo, e as rivalidades evidentes dentro da maioria das igrejas modernas, são sinais de apostasia. Muitos ainda não conhecem as verdades sobre Cristo, sobre a cruz, sobre a Graça e sobre a Igreja, conforme está nas Escrituras. A falta de conhecimento da verdade resulta em emocionalismo e superficialidade religiosa. A busca de novidades resulta em descaso para com as Escrituras, e falta de compromisso com a obra missionária.

Mas, o pior de tudo, é a degradação dos valores éticos, no que diz respeito à conduta humana, do ponto de vista cristão. Existe ainda nos meios evangélicos, muita falta de sinceridade, de honestidade, de humildade, de moralidade, e de conversão autêntica. Não estou fazendo nenhum juízo temerário; os próprios frutos negativos dos pastores e membros dessas igrejas comprovam o que a Escritura diz: “Ou fazei a árvore boa e o seu fruto bom, ou a árvore má e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore”- Mateus 12:33.

Últimos Tempos

“Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos alguns apostatarão da fé, por obedecerem espíritos enganadores, e a ensinos de demônios” - I Timóteo 4:1.

O texto supracitado nos mostra a verdadeira fonte da apostasia: Os espíritos enganadores, os ensinos de demônios, os falsos pastores, a má influência de pessoas da comunidade, os interesses secundários, a incredulidade, e a falta de perseverança na Palavra.

O apóstata não terá nenhuma desculpa diante do tribunal de Cristo, porque em todo o Novo Testamento temos repetidas advertências inconfundíveis contra a apostasia e a deserção: “Tende cuidado irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós, perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo” - Hebreus3:12.

Esta confusão religiosa dos dias atuais, este tumulto de crenças fervorosas, esta barafunda de igrejas, esta falta de clareza e incapacidade de fazer diferença entre o que é falso e o que é verdadeiro, é o que denomino de: “Tempos de Apostasia”, que já foi profetizado por Daniel - Daniel 7:25; por Cristo - Mateus 24:11; por Paulo - II Tessalonicenses 2:3; por Pedro - II Pedro 3:3; por João - Apocalipse 2:14-15.

No Novo Testamento contém mais exortações a perseverar na fé, do que apelos à fé. Em cada página, com as expressões mais variadas, e as figuras mais diversas, rememora que a vida cristã é uma condição de perseverança na Palavra. Jesus expressou esta verdade com muita clareza: “Vós sois verdadeiramente meus discípulos, se permanecerdes na minha palavra”- João 8:31. O “permanecer na fé” é a perseverança na Palavra: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, no partir do pão e nas orações”- Atos 2:42. Este texto diz que a vida cristã se resume em quatro pontos específicos: A perseverança na palavra, a comunhão com o Pai e com os irmãos, o partir do pão, e as orações.

O abandono da fé em Cristo, que chamamos de apostasia, não pode ocorrer com aquele que tem uma experiência real de crucificação, morte e ressurreição em Cristo.

O Senhor da Igreja

“Ele é ante de todas as coisas. Nele tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, da Igreja”- Colossenses 1:17-18ª.

Apesar de tudo o que está acontecendo no Brasil e no mundo, Jesus Cristo é o Senhor da História e da Igreja. O derramamento do Espírito Santo não foi invalidado. O ministério Profético, ainda que na sua minoria, continua existindo. A Verdade não sofreu nenhuma alteração. O poder da Palavra da Cruz para a salvação dos que crêem, está cada dia mais forte e mais eficaz.

Jamais serão revogadas as cinco leis da Regeneração: Cristo me atraiu - João 12:32; Cristo me crucificou - Romanos 6:6; Cristo me fez morrer - II Coríntios 5:14; Cristo me ressuscitou - Efésios 2:6; e Cristo vive em mim - Gálatas 2:19-20. Todas as promessas de Deus nas Escrituras serão integralmente cumpridas: “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão”- Mateus 24:35.

A igreja deve receber com alegria e total submissão a soberania de Cristo, como presente vido de Deus, para benefício dela mesma. As verdades desta metáfora, da “cabeça e do corpo” referindo Cristo e a Igreja, merecem ser destacadas.

Temos a idéia de união entre a cabeça e o corpo, que produz amor, paz, alegria, fé e harmonia. Cristo pertence a nós, e nós pertencemos a Ele, tal como se dá no caso da cabeça e do corpo.

Destaca-se também a vida de Cristo que sustenta o corpo; a vida do corpo sem a cabeça é impossível.

Confirma a nossa participação da natureza de Cristo - II Pedro 1:4. Um corpo precisa ser da mesma natureza que sua cabeça.

Conclusão

Cristo é a cabeça da igreja e preenche todas as coisas. Nada pode estar fora do alcance de suas operações e do seu poder; como também nada estará além da sua bondade, do seu amor, e da sua graça. Todo o significado da vida e da existência depende de Cristo. Toda a superioridade, todo o poder, toda a grandeza, toda a proeminência, e todo o dom perfeito, estão totalmente centralizados nEle. Ele é a fonte do amor, da graça, da esperança e da vida eterna. Em Cristo estão incorporados todos os tesouros da sabedoria e da ciência – Colossenses 2:3.

Cristo é a fonte da vida eterna. Ele possui a vida necessária e independente. Necessária porque não pode deixar de existir, independente porque não depende de outra vida para existir.

Em “tempos de apostasia,” a nossa fé, a nossa esperança, a nossa perseverança estão totalmente fundamentadas em Cristo. Só Ele tem as palavras de vida eterna; e nós temos crido e conhecido que Ele é o Santo de Deus – João 6: 68-69.

Meu coração não tem desejo de ficar
Onde surgem dúvidas e temores desanimadores;
Embora alguns habitem onde isso abunde,
Minha oração, meu alvo, é terreno mais alto.
Quero viver acima do mundo,
Embora Satanás me lance seus dardos;
Pois a fé já ouviu o ruído alegre
Do cântico de santos em níveis mais altos.

(Johnson Oatman)

                                                                                    Brasília, Outubro de 2002.

Fonte: Militar Cristão

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