Divulgado papiro antigo que menciona a “esposa de Jesus”

Fragmento de um evangelho apócrifo reacende debate sobre a vida de Jesus.

Divulgado papiro antigo que menciona a “esposa de Jesus”Divulgado papiro antigo que menciona a “esposa de Jesus”
Não é de hoje que se buscam “novas revelações” sobre a figura de Jesus, deixando de lado o que diz o Novo Testamento. Ao longo da história surgiram vários “livros apócrifos” que descrevem algo sobre a vida de Jesus, mas que não são considerados inspirados como os livros bíblicos. Entre esses relatos, os mais famosos são evangelhos atribuídos a Maria Madalena e aos apóstolos Tomé e Judas.
Agora, um fragmento de papiro escrito em copta, antigo idioma egípcio que usa caracteres gregos, gera polêmica. Mostrado ao mundo por Karen King, pesquisadora da renomada Universidade Harvard, ele teria sido escrita no século IV, mas provavelmente é apenas a cópia de um texto anterior, datado de 150 d.C.
King é historiadora, especializada nos primeiros anos do cristianismo. O papiro que ela mostrou mede apenas quatro por oito centímetros e seria fragmento de um evangelho apócrifo, que traz uma frase nunca antes vista em documentos deste tipo: “Jesus disse a eles, ‘Minha esposa (…)’.
O debate sobre a possibilidade de Jesus ter sido casado (possivelmente com Maria Madalena) são milenares, mas foram reacendidos em 2003, com a publicação do livro O Código Da Vinci, de Dan Brown. Porém, Karen King afirma que seu trabalho nada tem a ver com a trama. “Não me venha dizer que isso prova que Dan Brown estava certo”, disse ela ao The New York Times.
Existem outros evangelhos apócrifos que fazem referência a um Jesus que teria vivido uma vida diferente do que relata a Bíblia, mas nunca nenhum deles trouxe a palavra ‘esposa’.
Karen afirmou, em um texto publicado no site de Harvard, saber que essa referência não é uma “prova” que Jesus Cristo tinha uma esposa. Contudo, se comprovado que data do século 2 d.C., indicaria que o debate sobre o celibato de Jesus já era uma realidade 150 anos após a sua morte.
Em seu artigo, Karen batizou o material de The Gospel of Jesus’s Wife [O Evangelho da Mulher de Jesus]. O diminuto texto tem apenas oito linhas e por estar totalmente fragmentado, dificulta qualquer tentativa de interpretação, admite a historiadora. Na entrevista publicada na Harvard Magazine, disse que não acredita ser uma referência a Maria Madalena. “Toda a informação mais antiga e confiável sobre o Jesus histórico se cala a esse respeito”, diz a pesquisadora.
Contudo, King conta que tomou conhecimento do fragmento em 2010. No primeiro momento, ela mesmo desconfiou da autenticidade do documento. Após negociar o papiro, passou os últimos meses levando-o a diversos especialistas. A decisão de divulgá-lo ocorreu depois de um encontro com Roger Begnall, diretor do Institute for the Study of the Ancient World, da Universidade de Nova York, onde estavam presentes outros papirologistas. Depois, recebeu uma análise positiva de Ariel Shisha-Halevy, especialista em língua copta da Universidade Hebraica de Jerusalém.
Apesar do alarde que a apresentação causou, ainda não foi realizado um teste que permita estimar com precisão a idade do documento.
André Chevitares, professor do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro questiona a veracidade da informação. “A professora Karen King é uma cientista da religião, muito respeitada na área… Suas pesquisas destacam a presença e importância das mulheres no início do cristianismo… Essas reivindicações antigas são transplantadas para os dias de hoje, quando as mulheres são excluídas da igreja. São as feministas que retomam essa experiência antiga, para usá-las em apoio às suas posições. Usar esse fragmento para dizer que Jesus era casado é sensacionalismo”.
Com informações VEJA

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